Uma das primeiras fotos do nosso Studebaker M16, com o comandante Sr. Amândio Rocha (que tinha sucedido ao Sr. Avelino da Rocha Gomes), e o motorista Sr.Armindo Guerra.
-“O dia foi o que se chama um dia grande para a mui nobre Vila de Arcos de Valdevez em geral, e para a sua digna e venerada corporação dos bombeiros voluntários em particular.(...)
(...)perante uma multidão compacta de povo de todas as categorias sociais em que predominava a cintilação dos capacetes metálicos dos bombeiros, a nova viatura cerca das 16H00 horas, surgiu para os nossos bombeiros, vermelha como uma papoila, imponente como uma rajada de sol doirado a silvar estridentemente.”
Quando este histórico Studebaker M16 de 1948 veio para os nossos bombeiros, era presidente da Câmara, Alberto Barreiros Aranha e provedor da Santa Casa da Misericórdia, António de Almeida Faria Lima. O Comandante dos Bombeiros Voluntários ainda era o Sr. Avelino da Rocha Gomes, sucedido pelo Sr. Amândio Rocha. Tenho o orgulho do meu Avô ter sido um dos bombeiros estreantes que se sentaram pela 1ª vez nessa viatura quando veio para Portugal vinda dos Estados Unidos da América, e depois para os Bombeiros Voluntários da nossa Vila. Convém referir que há alguns auto-tanques Studebaker M16 cá em Portugal, iguais ou não tão luxuosos e grandiosos quanto o nosso Studebaker, nomeadamente em Alcácer do Sal, Entre os Rios, Colares, Figueira da Foz, etc.
Só por curiosidade, fica o registo de que a primeira Associação de Bombeiros Voluntários existente em Portugal foi fundada 18 de Outubro de 1868 e que o primeiro veículo motorizado existente no país, foi um Fiat Pronto Socorro de 1915, pertencente ao Corpo Municipal de Bombeiros de Lisboa (actual Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa).
Em relação ao Studebaker, muitos, no final de década de 40 e princípios de 50, foram oferecidos ao estado português pelos EUA, como por exemplo, o nosso.
Historicamente, a Studebaker foi fundada em 1852 em South Bend, Indiana, Estados Unidos da América, e incorporada em 1868 sob o nome da Studebaker Brothers Manufacturing Company. Os irmãos Studebaker fabricavam carruagens, carroças e equipamentos desde 1852. Meio século depois passavam a produzir automóveis eléctricos, que logo ganhariam motor a combustão. Nos seus tempos áureos, nos anos 30 e 40, a marca foi a mais dinâmica dos Estados Unidos. Quanto à história do modelo do nosso mítico Studebaker dos nossos Bombeiros voluntários de Arcos de Valdevez, o seu “irmão antecessor”começou a ser fabricado em Novembro de 1940, e visto que a IIª guerra mundial durou de 1939 a 1945, o alargamento de fabrico do modelo justificou-se, e foram enviados pelos EUA muitos veículos, especificamente para o teatro de guerra no Japão. Por curiosidade, o antecessor do nosso Studebaker M16 foi também usado na construção da estrada de Burma, e serviu também os aliados, nomeadamente as forças soviéticas. Após a IIª guerra mundial, o agora nosso Studebaker foi fabricado para a variante civil de 1945 a 1949, e alguns adaptados para os Bombeiros, como foi o caso do nosso. Alguns Studebaker eram adaptados também para pronto socorro na fábrica da Malveira dos “Cinco Irmão Unidos”.
A Studebaker também fez e introduziu um dos primeiros carros americanos do pós-guerra em 1946: o Studebaker Champion, desenhado por Raymond Loewy e Virgil Exner.
Considerado um dos 100 Americanos mais Influentes do século XX, o mais famoso estilista da Studebaker, foi responsável, entre outros projectos, por uma reestilização (em 1954) da garrafa de Coca-Cola e pelo interior do Air Force One, o avião dos presidentes dos Estados Unidos. Em parceria com Bob Bourke, desenhou para a Studebaker os modelos Starliner e Starlight 1953, tidos como dois dos mais belos carros que o país já produziu. Importa referir que antes do final da década, em 1949, a Studebaker tinha construído cerca de 200.00 carros. Durante esse período, as vendas caíram de forma significativa pelo que a empresa, com graves problemas financeiros, foi vendida para a Packard em 1954.
Entretanto, novos automóveis eram fabricados, e em 1965, os directores da empresa Studebaker-Packard sentiram que as más vendas não eram suficientes para justificar novos investimentos. Rejeitando pedidos para novos modelos para 1967, o nome Studebaker deixara o ramo automóvel a 16 de Março de 1966.
A título de curiosidade, quem imaginaria que a fábrica da Porsche em Estugarda foi construída em Novembro de 1954 com dinheiro da centenária, mas prestes a falir, Studebaker?
Em Novembro de 1954, numa fria manhã de inverno em South Bend, Indiana, Ferdinand Porsche entregava um protótipo para a Studebaker com alguns motores-reserva. O carro estava fadado a nunca ser produzido, mas foi crucial para a empresa de Estugarda: foi com o dinheiro do contrato selado em 1952 para desenvolvê-lo, que a obra da fábrica da hoje famosa Porsche, começou finalmente a ser construída.
NUNCA ESQUEÇAM: Preservar o Studebaker é mais que importante, é um dever dos arcoenses preservarem a memória de quem o usou, a entidade que ele ajudou a servir, daí ser imperativo que se crie brevemente, um núcleo dos "Amigos do Studebaker".